A Inteligência Artificial Generativa (IAG) e os modelos de linguagem (LLMs) tornaram-se a nova obsessão corporativa. Influenciadores anunciam revoluções iminentes, CEOs se apressam para embarcar na tendência, mas a realidade é bem menos empolgante. Uma pesquisa recente da Cisco revelou que, embora 97% das empresas planejem adotar IA, apenas 2% se consideram prontas para isso.
O grande obstáculo está na lacuna entre as promessas e a prática. Demonstrações de IA gerando código ou relatórios em segundos são sedutoras, mas não representam o cotidiano. A realidade exige infraestrutura robusta, dados de alta qualidade, tempo para integração com sistemas legados e, ainda assim, há desafios persistentes como alucinações e vieses nos modelos.
Para avançar com solidez, é fundamental seguir uma abordagem pragmática, guiada por oito pilares:
- Objetivo claro: “Automatizar o atendimento ao cliente” é mais eficaz do que simplesmente “usar IA”.
- Qualidade dos dados: A maior parte do esforço está na limpeza e organização.
- Tecnologia adequada: Nem todo problema precisa de um LLM pois soluções simples muitas vezes bastam.
- Equipe multidisciplinar: Combinar tecnólogos com especialistas do negócio é essencial.
- Cultura de experimentação: Comece pequeno, teste antes de escalar.
- Compromisso ético: Vieses algorítmicos podem gerar riscos legais e reputacionais.
- Medição objetiva: Indicadores como “redução do tempo de execução” são mais relevantes do que jargões tecnológicos.
- Plano de continuidade: IA não é solução de prateleira; requer ajustes e evolução constantes.
Por que tantos projetos falham? Entre os motivos estão a síndrome do FOMO (medo de ficar para trás – Fear Of Missing Out), a impaciência por resultados imediatos e a crença exagerada de que a tecnologia resolverá tudo. IA não substitui estratégia, ela apenas amplifica o que já existe.
A recomendação é clara: ignore os modismos e concentre-se nos problemas reais do negócio. Invista na base: dados, pessoas, processos, antes de apostar em soluções sofisticadas. E alinhe as expectativas de forma honesta.
A IA não transformará sua empresa da noite para o dia, mas, com planejamento consistente, pode se tornar um grande acelerador. O verdadeiro desafio não está em adotar a tecnologia, e sim em preparar a organização para utilizá-la com inteligência.
Leitura complementar recomendada: “Cutting Through the AI Hype: The Facts Leaders Need to Know About GenAI Adoption and Return on Investment”.
David Matos